Estava convicta de que me ia deitar quando chegasse a casa. Dirigi-me logo para o meu quarto quando fechei a porta. Tirei o pijama meio de Inverno meio de Verão (ainda não dá para perceber muito bem que raio de estação é esta), vesti-o...aliás não o vesti, vim para o escritório ligar a net e escrever.
Hoje vim um filme. E, se calhar, foi por causa desse filme que vim a pensar no caminho para casa sobre as relações. As relações que temos com as pessoas. Os tipos de relações que existem, a maneira como às vezes parece que todas elas seguem um padrão de início e de fim, mesmo que pelo meio a diversão seja diferente.
O filme chama-se "Closer". Vi-o quando andava no 9º Ano porque o A. me disse para vê-lo. O A. sabe sempre os meus gostos, ele sabe que eu vou gostar de uma coisa antes de a provar, sabe que vou gostar de um filme antes de o ver, sabe que vou compreender certas coisas e discutir outras e não aceitar outras tantas. Sabe os meus argumentos de cor, antes sequer de eu pensar sobre eles. Enfim.
A verdade é que eu odiei o filme quando o vi. Achei-o o filme mais aborrecido de sempre. O mais desinteressante, o mais sobre 'nada'. E a resposta dele à minha indignação foi "Experimenta ver esse filme daqui a uns anos, vais ver que vais entender que, de facto, é assim que as relações funcionam".
Pois bem, hoje foi o dia. Vi-o outra vez, e apesar de ter achado "too much", serviu para pensar sobre o que tem acontecido na minha vida nos últimos tempos.
Lembro-me do dia em que soube que tinha entrado no ISA. Lembro-me da minha mãe ter escrito no quadro do meu quarto qualquer coisa como "Sei que ficaste desiludidade mas nunca desistas". Lembro-me de ficar triste, realmente. Mas fosse qual fosse a minha entrada na faculdade não haveria nenhuma que preenche-se o que queria realmente.
Lembro-me do dia das inscrições. Lembro-me de ser tudo novo, lembro-me de tentar iniciar uma nova vida, lembro-me de ter essa vontade comigo! De querer esquecer tantas coisas, tantas pessoas, tantos momentos, de querer que tudo fosse perfeito dali para a frente, de querer que toda a gente se apaixonasse por mim e ter uma lista infindável de amigos, de ir sair a noite, de gostar do Bairro Alto...
Lembro-me de receber chamadas durante os intervalos. Chamadas que não queria atender. Flashs do que tinha deixado para trás, do que queria que ficasse no Secundário, nas aventuras parvas de uma adolescente, daquelas coisas que dizemos que fizémos e que ainda bem que fizémos porque serviu para aprender com os erros. Lembro-me de odiar ter errado daquela maneira.
E lembro-me de tentar compensar tudo isso com as novas amizades.
Poderia falar das festas do ISA. Da semana do caloiro. Da alegria repentina de uma liberdade diferente.
Amizades de plástico foi como eu as intrepertei mais tarde. As amizades são frageis e quase sempre ilusórias.
São quase sempre algo que pensamos que está lá consistentemente, mas que, com o mínimo toque, desabam e desaparecem sem deixar rasto. Como se nunca tivessem existido.
Poderia falar das pessoas que achava que ia manter e não mantive. De umas que desapareceram do meu quotidiano e o tempo que restava não era suficiente. Outras que deixei de falar por chatisses e mal entendidos. E outras porque...simplesmente não interessavam.
Poderia falar de como tentei substituir o que sentia mais falta no momento que entrei na faculdade. De como tentei arranjar daqueles Amores que se sentem na faculdade, onde as pessoas têm os mesmos objectivos e encontram alguém com quem partilhar a vida académica e acabam por passar o resto da vida com essas pessoas.
Podia dizer que tentei encontrar essa pessoa. Mas, a verdade, é que, por mais cliché que isto seja, o Amor de facto não se procura! E de facto aparece quando menos estamos à espera.
Podia falar do Verão do ano passado e dos dois festivais. Ou podia falar de Barrancos, ou do Loft e das mil uma noites que lá passei, podia falar do J. e da M. que agora tanto têm preenchido a minha vida com preocupações, ou podia falar do GTMT ou do British. De como me fizeram esquecer que o que vivo é de facto uma rotina.
Ou podia falar do Zoo e do B. Do passado. Do que me fez mudar tanto e passar a acreditar em tão pouco mas a lutar tanto mais pelo que quero. Que me colocaram uma semente de um sonho que vou alcançar até ao fim custe o que tiver que custar.
Podia falar do A. ou da I., de como eles estiveram sempre lá para mim. Antes, depois, durante destes 3 anos. Lembro-me da conversa que a I. teve comigo no último verão antes da entrada na faculdade em que me disse, naquela maneira suave que ela arranja sempre de dizer as coisas mais sérias, "Ana, tens de te acalmar, agora vais entrar na Universidade, assim as pessoas vão gozar contigo". Era um bocado inconsciente, na verdade.
Podia falar do R. Que é quem mais preenche a minha vida neste momento. Quem me faz rir e chorar a rir. Quem está comigo e de quem eu não me quero afastar por mais que isso seja inevitável de acontecer.
Podia falar da S. A S. que é a única que ficou depois destes 3 anos no ISA. Quem eu passo a vida ao telefone, com quem partilho tudo e com quem tenho canis e pulmões.
Podia falar do Amor, no geral. Da amizade, no geral. Podia falar de como vou ter pena da última vez de entrar no ISA. Da última vez de tentar persuadir o segurança do portão a deixar-me entrar com o carro sem pagar porque "Estou a ter um mau dia" ou porque "Eu e a S. só conseguimos juntar 1,20€", ou porque "Temos aqui um coelho antes se quiser". Da última vez que vou estar stressada para entrar numa sala procurando estratégicamente a altura certa de entrar para não ir muito lá para a frente e combinando, ainda mais estratégicamente, as pessoas ao lado de quem quero ficar durante o exame. Da última vez que vou tirar uma caneta e colocar o telemóvel no meio das pernas sem o/a Prof. ver para o caso de surgir uma ou outra pergunta mais complicada. Ou da última vez em que vou entregar um teste. Em que respondo a uma pergunta cá fora por telemóvel à S. que sai sempre depois de mim. Da última vez que vou ao gabinete do Prof. O. dizer-lhe "olá" com o seu ar de mimado e da língua adormecida. Da última vez que vou sair do ISA...
Podia dizer mil uma coisas mal do meu curso, da minha faculdade...Mas, a verdade, é que sentimos sempre falta do que nos preenche por tanto tempo. Fica um vazio pelas vezes que, inocentemente, nos entregámos a alguma coisa. A um curso. A uma amizade. A uma relação.
Em Agosto vou-me embora. E comigo levo o tempo que vou perder aqui. O tempo que vai continuar a correr em Lisboa, no ISA, na vida da S., da I., do A. e do R.
O tempo que vai continuar a correr comigo, noutro sítio.
4 comentários:
[ ] :)
Espero que tenhas percebido que és a I. :p
Gostei do texto. E da Bad Romance a tocar ali ao lado! ^^
Para onde vais? :)
MJNuts
aiiiiiiiiiii...assim nao consigo...nao consigo...odeiote tanto mas tanto...vou ficar a tomar conta dos canis sozinha..nao vou ter os teus pulmoes pa respirar e vou ter de respirar sozinha..odeiote por tudo,odeiote por me deixares,odeiote por ter o agosto mais horrivel da mh vida,por ter d instalar o skipe,por n ter nng pa ligar nem q seja pa dizer q es uma carcaça...odeiote a partir d agosto..mas ate la nher...ate la mi agaurdxi...
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