31/03/2012

From a Galway girl

A primeira vez que me cruzei com a ideia de ir visitar a Irlanda não tive uma reacção de extrema felicidade. Íamos em Julho e, depois de um ano na Bélgica, a necessidade de um pouco de sol e dias quentes era muita. Mas Irlanda lá foi o escolhido.

Dias antes cresceu a ansiedade normal de quem vai viajar e conhecer outro país. Ansiedade normal para mim, pelo menos, que adoro a sensação de aterrar em território desconhecido.

Mas o meu rumo irlandês ficou muito aquém do esperado. E isso daria pano para mangas noutro qualquer post dedicado a minha depressão pós-primeiro-ano-de-mestrado. A verdade é que não reconheço essa Ana. A Ana que aterrou em Dublin e só queria ir para Galway, saiu em Galway Bus Station e só queria estar na pousada, enfiada no quarto ou na sala de computadores. A Ana que não se entusiasmou com nada mais porque estava demasiado possuída com tudo o que transportava interiormente (and again, another story to tell).

Mas sai da Irlanda nesse 22 de Julho o mais feliz possível. Por sentir o regresso a um porto agradável. E, talvez por todos o timing da situação não ter sido de todo o mais adequado, as memórias que trouxe de Galway foram mais que más.

No entanto, em Janeiro deixei que me marcassem a viajem de volta a Galway para a tal conferência. E a excitação era imensa. Quase que sem querer, a minha memória seleccionou todas as coisas boas às quais fechei os olhos da última vez. A minha memória tinha-as guardado mas apenas não saberia como me-as mostrar. E, de repente, todo esse ritmo de Galway foi como um flash na minha mente e o entusiasmo de voltar a Irlanda foi mais que muito.

Aterrada na Irlanda pela segunda vez dirigi-me aos autocarros onde saí na última paragem: Galway Bus Station (again). Estava tudo igual. A Quay Street, a High Street, a Eyre Square, Satlhill, os mesmos músicos a tocar na rua, as mesmas lojas com as mesmas montras cheias de suvenires de trevos verdes e t-shirts do St. Patrick's Day, as mesmas ruas, o mesmo cheiro, as mesmas pessoas simpáticas, os mesmos números de autocarros, os mesmos bares com a mesma decoração. Estava tudo igual. Tudo igual à última vez. Mas desta vez fui capaz de saborear cada esquina, cada brisa, cada raio de sol, cada som de música irlandesa, cada dança, cada conversa. Estava tudo igual mas eu estava diferente. E foi a minha ida à Irlanda que me fez perceber o quão realmente isso é verdade.

É uma liberdade diferente. Prendi-me de propósito porque assim o decidi, um dia. Assim decidi que era o meu rumo, que agora queria deixar de ser aventureira e viver uma vida pacata e serena. Que não era uma seca ser assim porque quando somos crescidos é isso que é suposto fazermos. Não posso atribuir essa culpa a ninguém. Eu sei que não seria justo. Se me prendi foi porque quis, porque fez sentido na altura, porque achei que esse era o meu rumo. E é por isso que todos os dias agradeço a um Deus qualquer o facto de ter posto todas essas minhas pedras no meu caminho. Porque foi ao ultrapassá-las que percebi quem sou e o que quero ser. Foi ao saltar por entre elas que percebi quais são os caminhos a tomar, o que me fará mais feliz. E quais são os caminhos que não me pertencem, que não fazem parte do que sou.

Eu sou livre. E mesmo que isso não encaixe com a definição de vida que as regras da sociedade impõem, encaixa que nem uma luva na minha definição de felicidade. Fui feliz em Galway durante esta semana. Com os meus 12 colegas de quarto. Com os meus 600 colegas de conferência. Com os meus 30 colegas de workshop. Com os meus quantos copos de vinho. Com os meus passos de dança. Com as gargalhadas dos meus amigos (e as minhas). Fui feliz com tudo isso.

Descobri que a minha felicidade vive comigo. Vive no meu bolso. Não vive no bolso das outras pessoas, de outros amigos ou namorados. Vive comigo.

E por isso agradeço à Irlanda. Porque ela estava lá a minha espera para me dar essa lição. Ela esperou pacientemente que eu tirasse a minha pedra no sapato e, quando eu finalmente apareci de novo, ela fez me perceber que eu não sou pessoa de ter pedras no sapato. Magoam-me demasiado os pés.

23/03/2012



Ireland here I come (again)! :D

22/03/2012

Coisas que fazem todo o sentido sem fazerem sentido nenhum...

"I like her. I really do. I just don't like anything of what she says or does."

20/03/2012

(Grey's Fever)

Estávamos todos tão felizes com este...


E depois este aparece...


Se calhar porque sou uma eterna romântica mas a relação da Yang com o Burke era TÃO mais fix! Adorava a cumplicidade deles, a maneira como, mesmo sem dizerem nada, sempre se compreendiam.
Mas agora este Owen que não faz mais nada da vida se não estar com problemas existenciais. Primeiro tem lá o trauma (desculpável) do Iraque, depois admite que ainda gosta da Teddy e, de um episódio para o outro, "só" por causa do shooting decide que afinal gosta da Yang e aproveita-se do trauma dela para casarem no episódio seguinte. E, como se não bastasse, ainda lhe pede para ela ter um filho por ele!! Querido, sabes com quem é que casaste?!
A Yang foi e sempre será a minha personagem favorita. Cheia de força, garra, ambição, humor negro...ela é perfeita! E custa-me vê-la tão fraca por um homem. Ainda por cima foi dizer, há uns episódios atrás que gosta mais desta besta que alguma vez gostou do Burke. Claro que nãaaaaaao! Foi um erro enorme no guião de Grey's Anatomy! Por favor, ela mentiu a todos e pôs a sua carreira em risco, que é a coisa mais importante na vida dela, porque o Burke não conseguia operar sem ela! Não faz sentido nenhum agora este cagalhão que nunca lhe deu uma migalha de amor, receber tudo dela!

Enfim. Shonda Rhimes, filha, está na hora de trazer o Burke de volta e fechar em grande a oitava season.

Um bem haja,
Ana

(foto daqui)

13/03/2012

Hoje aprendi a fotossintese.

E este livro diz:

Probably one of the most important things to increase your day-to-day pleasure and happiness is to appreciate what is good in your life and to appreciate some of the things that you might take for granted. (...) Sometimes we just forget to notice all we have.

Pode parecer algo simples. Algo que todos nós sabemos que deveríamos pensar nisto todos os dias, de modo a não nos aborrecermos com tanta facilidade, de modo a não nos deixarmos ir a baixo tão rápido e por tão pouco. De modo a vermos o copo meio cheio e não meio vazio.

Mas não é simples. Foi um exercício que passei a praticar diariamente e que me faz trazer um raio de sol comigo para qualquer sítio que vou. E talvez não vá mudar assim tanto. Talvez no final de toda esta caminhada continue a viver nos extremos das emoções, mas esta foi uma lição que aprendi. Aprendi e interiorizei.

Isto tudo para dizer que hoje estou grata pelas gargalhadas a hora de jantar. Estou grata por chegar a casa e ter sempre alguém que me pergunte "So, what did you learn today" e que me faça pensar nisso, que me faça pensar que há um sentido em cada dia. Mesmo que seja uma coisa simples, mesmo que tenha apenas aprendido que o quiosque a seguir aquele que costumo ir vende batatas fritas. Mesmo que seja somente isso.

E o rapaz, de 13 anos, respondeu: "Today I learned what photosynthesis is".


Oh, velhos tempos - pensei eu.

12/03/2012

Things that make me happy 3...


Tirar a hora de almoço para passear na praia e voltar para o trabalho a ouvir as ondas do mar :)

"Porque o mundo pertence a quem se atreve."

Já perdoei erros quase imperdoáveis.
Tentei substituir pessoas insubstituíveis...
e esquecer pessoas inesquecíveis.

Já fiz coisas por impulso.
Já me desiludi com pessoas que nunca imaginei que me desiludirião,
mas também desiludi alguém.

Já abracei para proteger.
Já ri quando não devia.
Fiz amigos eternos,
e amigos que nunca mais vi.
Amei e fui amada,
mas também fui rejeitada.
Fui amada e não amei.

Já gritei e saltei de tanta felicidade.
Já vivi de amor e fiz promessas eternas,
mas também me magoei muitas vezes.

Já telefonei só para ouvir uma voz...
e apaixonei-me por um sorriso.
Já pensei que fosse morrer de tanta saudade.
Tive medo de perder alguém especial
(e perdi).

Mas vivi!
E ainda vivo!
Não passo pela vida.

Bom é lutar com determinação.
Abraçar a vida com paixão
Perder com classe.
E vencer com ousadia!

Porque o mundo pertence a quem se atreve...


...e a vida é muito para ser insignificante.

11/03/2012

Amália Rodrigues - Só à noitinha

Tive-lhe amor, gemi de dor, de dor violenta
Chorei, sofri, e até por si fui ciumenta
Mas todo mal tem um final, passa depressa
E hoje você, não sei por quê, já não me interessa!

Bendita a hora que o esqueci, por ser ingrato
E deitei fora as cinzas do seu retrato!
Desde esse dia sou feliz sinceramente,
Tenho alegria pra cantar e andar contente.
Só à noitinha, quando me chega a saudade
Choro sozinha pra chorar mais à vontade

Outra paixão no coração, sei que já sentes;
Uma qualquer que foi mulher de toda gente!
Assim o quis, seja feliz como merece


Porque o rancor, como o amor, também se esquece!

07/03/2012

Things that make me happy 2...


Andar num destes todos os dias de manhã com o solinho a bater na cara... :)

04/03/2012

Descansa em paz, dizem eles.

Sempre tentei não ser vulgar. Sempre.
Sempre tive esse medo de ser vulgar, esse medo de ser só mais uma pessoa a passear pelo mundo. De não ter um destino certo e importante, de não ter um objectivo diferente e revelador.

Sempre tentei não ser vulgar.

E nunca pensei chegar ao dia em que desejo, do mais fundo do meu coração, ter uma vida vulgar.

Foram tantas coisas por explicar. Tantas coisas que fizeram de mim a pessoa que sou hoje. Tantos pontapés, tantos choros, tantas coisas que marcaram, que deixaram patas de sangue espalhadas pelo meu corpo. Que me arrancaram os órgãos e os repuseram de forma desordenada. Tantos dias que me sentava naquele banco de pedra frio e chorava, simplesmente. E achava que a vida era assim mesmo, difícil. Que todas aquelas coisas aconteciam às outras crianças e adolescentes. Que todos passávamos por isso e um dia íamos todos crescer da mesma forma.

Mas no dia daquele telefonema percebi que comigo era diferente. Que as pedras no meu caminho era maiores que todas as outras. Que os obstáculos pareciam tão altos que eu não lhes via o fim. Foi no dia em que a visitei no hospital e ela estava ligada por mil tubos que percebi que a minha vida era diferente.

E toda essa vulgaridade de que tinha medo, foi se embora nesse dia. Abandonou-me para sempre.

E eu só podia escolher uma coisa, ou deixar que todas as patas de sangue fizessem de mim a pessoa mais forte e invencível do mundo ou deixar que tudo isso me transformasse em insegurança, medo, desespero e pena.

Nesse dia escolhi ser forte e pouco chorei. Mas foi uma decisão fraca, tão fraca que, hoje, quando me pisam de novo sinto a dúvida a surgir. Sinto essa necessidade de me deitar na cama e deixar-me embalar nessa tristeza profunda de viver essa vida de desaforos.

São folhas que caem. Folhas que caem sempre quando não estamos a espera. Folhas que pensamos serem fortes e depois caem sem aviso prévio. Folhas que, de repente, vemos no chão e dói tudo. Dói o coração e o cérebro. E doem os braços e as pernas. E dói tudo. Doem as recordações e o que ficaram delas.



Hoje foi um desses dias. Uma folha que caiu. E quando as folhas caem as pessoas dizem "descansa em paz", por isso eu espero também que descanses em paz.