27/04/2010

Hospitais. Teatro. Vida.

Tenho tentado dividir-me em tudo. Tenho tentado ser tantas quantas são precisas para sobreviver. Tenho tentado preencher o vazio com outras coisas. Tentei desesperadamente arranjar menos tempo livre e consegui. Consegui demais.

Hospitais. Conheci a maioria dos hospitais de Lisboa nestes últimos dias. Tenho-me passeado entre eles à tua procura mas estás ausente.
Olho para ti. Para ti. E não sei onde estás. Só te vejo o corpo sem vida. Sem a tua vida, o teu andar, as tuas palavras. És uma criança que deambula naqueles hospitais tão perdida quanto eu. Não sabes que é feio arrotar e dizer asneiras. Não sabes como pedir um copo de água. E não faz mal. Não faz mal porque a verdade é que gosto de ti à mesma.
Tenho te escrito cartas no tempo que me sobra. E se calhar é por isso que tenho vindo escrever menos aqui... Se calhar todas as minhas palavras destes dias exaustos tenham ficado pelos papéis que te guardo num envelope...

Hoje sinto-me calma. Sem nada que reste do muito que há.
O tempo tem fugido de mim e eu percebi que não há nada que possa fazer para o mandar vir buscar-me.

Senti-me fria. Distante. Arrojadamente triste. Atulhada de horários e pressões. Senti-me neutra. Impaciente.
Fui um bocadinho de tudo o que poderia ter sido.
E percebi. Percebi numa noite destas. No meio das palmas. No meio dos sorrisos e do orgulho. Percebi o que me preenche no fim. O que, no fim, me diz que vale a pena. Que valeu a pena. Que me faz esquecer as noites mal dormidas. São pessoas. São amigos.

Senti-me uma borboleta sem asas.
E ontem...ontem voltei a voar.

2 comentários:

Zarinha disse...

Voa nher voa..vou mesmo atras de ti...

=)

Inês disse...

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