30/05/2010

Amizades...Não-Amizades...Amizades...Não-Amizades...

Cansada.
Estupefacta.
Triste.
Chateada.
Farta.

A culpa é minha. Minha de achar que é possível continuar a acreditar. As coisas mudam. As pessoas. Os momentos.
Passamos de grandes a pequenos, de pequenos a grandes.

Quando achamos que temos tudo, acabamos com nada.
A perceber que o tudo que temos é feito de plástico. Que se queima com a mais pequena chama, que se esmaga com o mais pequeno peso.
São amizades que se chamam amizades por não serem amizades.

Amizades que não se chamam amizades, porque se chamam outra coisa qualquer, são amizades.

As minhas. As minhas duas amizades. São grandes. São pequenas de tão grandes que são. E trazem-me um vazio enorme quando percebo que não são amizades aquelas que quebram a barreira da não-amizade.

Sou amiga de todos. De todos os que me querem bem e mal. O problema é o querer. É o querer deixar de o ser.

24/05/2010

Dias

Hoje acordei com saudades tuas. Acho que estou a começar a perceber o que vai acontecer... E quando penso nisso não há nada que limpe o que sinto. Nem as tuas palavras.

Podia aprender a gostar disto. Podia prender-me nesta rotina que percebi, nestes dias, que até nem desgosto assim tanto. Podia deixar-me levar. Podia acomodar-me, como toda a gente faz. Como eu odeio que toda a gente faça. Podia. Podia porque até podia fazer sentido ficar...permanecer aqui. Contigo.

Mas a minha cabeça diz que não faz. Diz que nada vale a pena, mais uma vez. Nada vale a pena. Nem mesmo tu...nem mesmo nós.

Eu pensava que o meu coração tinha sido forrado de ferro depois dele. Pensava que depois daquele Verão e Outono tinha queimado até ao fim toda a réstia de sentimento. Até à cinza. Até ao pó.
Mas não. Ele desarmou-se do ferro que lhe pus. Desarmou-se e eu fechei os olhos a isso. Porque é mesmo assim... E contigo. Logo contigo. Logo agora...

Eu podia tentar deixar de gostar de ti. Eu podia prende-lo outra vez. Podia. Mas não consigo.



Não são só os iogurtes que têm prazo de validade.

Devias ter vindo com manual de instruções e garantia.

14/05/2010

Sonhos fora de Realidade

Na rua com o Vasquinho escrevi este post na minha mente. Escrevi-o até ao fim, com vírgulas e tudo. Mas depois voou.

Já perdi a conta dos posts que escrevi só porque sonhei contigo.
A verdade é que não percebo. Não percebo porque é que o meu inconsciente ainda te lê os pensamentos e os inclui na minha cabeça. Já desinstalei este programa, já o reiniciei, já tentei formatar e apagar tudo...e nem assim.

Percebi hoje que também os sonhos são como espinhos para as bolas de sabão. Passamos dias a construí-las, satisfeitos com o resultado final, confortavelmente vivendo dentro delas e de repente...de repente um flash confunde a realidade e ficamos perdidos.
Os sonhos atrapalham-nos a memória. Deixam pedaços do passado perdidos no presente e substituem pessoas e espaços. Confundem os tempos e mistificam sentimentos.

Odeio sonhar contigo. É inconfortável. É inconfortável pensar em ti como se ainda vivesses aqui e fosses ainda parte de mim. Não porque doa porque já não dói. Mas porque não faz parte do que sou agora. Não faz parte do que sinto.
É como pores uma borboleta dentro de um aquário só porque ela, um dia, já foi lagarta. Não faz parte.


É a altura das fitas das bênçãos (bênções?). Anda tudo a distribuir pedaços de papel com significados diferentes para um dia fazer chorar quando se reler.
Chama-se nostalgia.
Todos. Todos acabam o curso. Parecem estar certos do caminho, dos passos a seguir, de mapa na mão sem precisar de prestar atenção às placas. Eu fico feliz. Por eles. Fico feliz por eles.
Estou desejosa de chegar ao meu caminho.

E hoje tracei caminhos. Fico triste por deixar coisas. Pessoas, mais propriamente. Pessoa, mais propriamente.

Odeio. Odeio que me quebrem o Pai Natal.

11/05/2010

MH IV

You're a part-time lover and a full-time friend,
I don't see what anyone can see in anyone else...
But you.

"Anyone Else But You"
Moldy Peaches

07/05/2010

Bairro Baixo

Acho que já percebi o problema.
O problema de todos os problemas.

É a expectativa.

A expectativa que temos de uma noite. De um dia.
A expectativa que temos de uma pessoa, de um abraço, de um carinho.
A expectativa que temos para uma tarde em casa quando nos batem à porta.

A expectativa é algo em que pensamos com certeza.
Vem seguido de um "vai ser assim".
Vem com balões e fitas de várias cores a explicar o que se vai suceder sem de facto pensarmos nas variadas hipóteses que fogem dessa principal. Dessa expectativa.

A verdade é que tenho tantas expectativas e nem sequer tenho consciência de que existem, que são de facto apenas isso, e não factos reais e garantidos.


Criei uma bola de sabão que se rompe vezes sem conta quando estou frágil.
O meu limite de felicidade existe quando ela se mantém em tempo recorde sem ameaças.
E o meu limite de tristeza existe quando ela se rompe mesmo antes de se conseguir reconstruir de novo.

É frágil e inseguro vivermos dentro de bolas de sabão.
Há pessoas que têm espinhos nas mãos, nos pés...no toque.
E o pior...o pior é quando são essas as pessoas que queremos agarrar com mais força. Mesmo que doa. Mesmo que se fure a bola de sabão num ápice. Mesmo assim, parece sempre mais confortável.

Às vezes magoa ser feliz.
Magoa mais do que não ser coisa nenhuma.
O meio termo é sempre o caminho mais limpo de todas as tentações.
O meu não existe. Vive escondido num buraco negro qualquer.

Quando choro é porque as expectativas furam a bola de sabão em várias direcções.
Não consigo controlar.

Se eu pudesse...Se eu pudesse guardava-te todos os dias da minha vida e mudava-te a forma.
Não consigo achar a perfeição.


"Porque há sempre uma noite mais escura do que a escuridão do mundo. Mesmo para quem, como eu, nunca soube escavar até ao fundo dessa gruta negra, trans-siberiana, húmida, universal, a que chamamos coração."
Inês Pedrosa in Fica Comigo Esta Noite