Acho que já percebi o problema.
O problema de todos os problemas.
É a expectativa.
A expectativa que temos de uma noite. De um dia.
A expectativa que temos de uma pessoa, de um abraço, de um carinho.
A expectativa que temos para uma tarde em casa quando nos batem à porta.
A expectativa é algo em que pensamos com certeza.
Vem seguido de um "vai ser assim".
Vem com balões e fitas de várias cores a explicar o que se vai suceder sem de facto pensarmos nas variadas hipóteses que fogem dessa principal. Dessa expectativa.
A verdade é que tenho tantas expectativas e nem sequer tenho consciência de que existem, que são de facto apenas isso, e não factos reais e garantidos.
Criei uma bola de sabão que se rompe vezes sem conta quando estou frágil.
O meu limite de felicidade existe quando ela se mantém em tempo recorde sem ameaças.
E o meu limite de tristeza existe quando ela se rompe mesmo antes de se conseguir reconstruir de novo.
É frágil e inseguro vivermos dentro de bolas de sabão.
Há pessoas que têm espinhos nas mãos, nos pés...no toque.
E o pior...o pior é quando são essas as pessoas que queremos agarrar com mais força. Mesmo que doa. Mesmo que se fure a bola de sabão num ápice. Mesmo assim, parece sempre mais confortável.
Às vezes magoa ser feliz.
Magoa mais do que não ser coisa nenhuma.
O meio termo é sempre o caminho mais limpo de todas as tentações.
O meu não existe. Vive escondido num buraco negro qualquer.
Quando choro é porque as expectativas furam a bola de sabão em várias direcções.
Não consigo controlar.
Se eu pudesse...Se eu pudesse guardava-te todos os dias da minha vida e mudava-te a forma.
Não consigo achar a perfeição.
"Porque há sempre uma noite mais escura do que a escuridão do mundo. Mesmo para quem, como eu, nunca soube escavar até ao fundo dessa gruta negra, trans-siberiana, húmida, universal, a que chamamos coração."
Inês Pedrosa in Fica Comigo Esta Noite
1 comentário:
é por isso que o que não esperamos e é bom nos deixa, quase sempre, muito mais felizes :)
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