Outra vez...

Ontem acho que voltei a ser a menina frágil que já não me lembrava. Já não a alimentava há tanto tempo e ela voltou a falar-me.
Tornei-me tão fria em tão pouco tempo, porque me fizeram assim depois de tantas desilusões e desesperos, depois de tanto vazio... Pensei que ao pôr certos limites e barreiras nas relações que levo me conseguia proteger contra aqueles momentos de solidão. Mas é mentira. O desespero aparece na mesma por saber que apaguei de vez o meu passado, por saber que poderia ter tentado permanecer nele por mais que doesse porque poderia ser apenas uma fase e deixei-me levar pelo desejo de apagar tudo como se não tivesse vivido nada. Como se naqueles meses tivesse apenas dormido um bocadinho mais e acordasse com uma vontade nova de sorrir. Porque eu só queria voltar a sorrir outra vez...
Por algo banal lembrei-me de ti...talvez por pensamentos encaminhados daqueles que me esforço sempre tanto para controlar. Lembrei-me de ti mas de uma forma bonita, não da forma como me deixaste desamparada. E pensei que talvez goste de ti, que talvez se voltasses a seres tu dessa forma bonita e se me procurasses e talvez se eu esquecesse o resto, voltava para os teus braços feliz. E fingia que o tempo perdido a tentar ser outra pessoa numa vida diferente fosse apenas uma longa noite de pesadelos.Eu acho que me esqueci das lágrimas que chorei naqueles dias...falo delas agora mas é como se nunca tivessem acontecido. Eu acho que apaguei as vezes me olhavas de forma cruel e me dizias coisas que me apertavam o coração... E por isso chorei, porque senti pela primeira vez que te perdi e não que tinhas sido tu a perder-me.

Mas é mentira. São ilusões do cansaço.