22/01/2008

"Somewhere over the rainbow..."

Acordei desordenada.
Eras tu à minha frente mudo de desespero e eu, por orgulho, não queria falar contigo.

Quis te perdoar nesse dia em que chovia mais do que em qualquer dia de chuva. E a tinta que me tapava saia a cada gota que caía. Era demais aquele soalho para mim, eu não o queria pisar percebes? Mas tu mantias-te sempre tão longe de qualquer pensamento abafado...e eu nunca te via, sempre perdida nas palavras óbvias onde pensava encontrar-nos. Já tinha desistido de ti. Valias tanto a pena mas as minhas forças foram sugadas pelo tempo que me roubaste. Pensavas-me e não me deixavas ser. Era um amor confuso que me metia medo.
Naquela altura tinha medo de mim. Prendia os meus gestos a uma cadeira e desfocava-me mas em vão. Parecias-me tão fraco que eu te julguei inocente.

Os sonhos voaram.
Voaram pouco depois de partires. Voaram para longe e nunca mais os vi.
As memórias entrelaçam-se no tempo, não se desfazem com medo de serem apagadas, são cruéis para mim...quero apaga-las com força, deixar-lhes marcas da minha fúria, senti-las apodrecerem nas minhas mãos e elas aparecem mesmo a minha frente, numa fotografia, num cheiro repentino...numa pele molhada. Numa casa velha, guardo-te na gaveta mais fechada mas não gostas de te sentir prisioneiro de mim.
Eu não te percebo. Eu não percebo porque me deixas-te pendurada num estendal de ilusões e não me apanhas-te. A minha mente podia ter-te guardado negativamente, podia ter-te identificado como a minha fraqueza e evitar-te. Mas não! Ela mantém-te presente como os anúncios publicitários…e enganam-me também. Enganam-me tanto…porque eu sei que é mentira, amor. Eu sei que nunca vivemos a perfeição de que o meu coração me fala todos os dias. São ilusões do cansaço de já não te ter…são ilusões de uma saudade que mói…são meras antipáticas ilusões.

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