07/12/2008

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Não sei como começar este post...Tenho coisas e coisinhas a rebentarem dentro de mim, vivi e vivo ainda uma explosão de sentimentos dos últimos 3 dias.

Sexta-feira à tarde estive com uma pessoa que, a partir daquela tarde, passei a considera-la como minha amiga. Começámos nas conversas banais de pessoas conhecidas..."Então novidades? Como é que está o vasquinho? E a faculdade? E o namorado? E a tua irmã?" E não sei como a conversa foi parar ao meu ponto fraco. Falei-lhe do que sentia de uma forma prática e eficaz, como se nem sequer se trata-se de sentimentos mas de uma equação matemática. Disse o que sentia e o que queria com a franqueza que nunca tive com mais ninguém. Teve de ser assim, senão desatava a chorar. Ela disse-me o que eu já sabia mas que dito por outra pessoa ganha outra força.

Seguiu-se o fim-de-semana.
"A velhice é uma coisa bonita quando bem acompanhada, senão não presta para nada".
Foram as últimas palavras dele escritas numa folha de papel que guardava religiosamente na carteira escondida de toda a gente...até ao dia.
Já lidei muitas vezes com a morte...mas nunca com a de alguém tão próximo. Ainda não chorei o que queria chorar. Não tive tempo. Tive de morder os lábios, as mãos e os pés se fosse preciso para não chorar a frente de pessoas que sentiam mais que eu. Conheci pessoas da minha família que só via em fotos a pegarem-me ao colo, outras que já não via há muito tempo e que reconheci logo e outras com quem lido diariamente e que choravam como eu nunca tinha visto.
Ontem e hoje choveu. Houve alguém que disse ontem no velório que as pessoas caíam com as folhas do Outono. Talvez, pensei eu.
Quis mandar uma mão de terra quando o caixão foi para baixo, mas a minha mãe puxou-me pelo braço...não me despedi dele.

O meu padrinho ontem disse-me que o luto era como um processo e não como um sentimento. Talvez...não sei.

Estou triste. Colo a minha alma à chuva que cai e fico a olhar para ela.

Toda a gente se despediu de mim com um beijinho e um "espero que consigas tudo o que desejas"...

Também eu...também eu...